quarta-feira, 16 de abril de 2008

Mais um dia no Engenho de Açúcar


Voltei ao século XVII para contar um dia da minha vida.
Logo de manhã, às seis horas, ainda o sol não estava no horizonte, veio ter comigo o chefe branco a chamar-me para a lavoura da cana-de-açúcar.
Antes de iniciar esse dia tão árduo de trabalho, passei pelo terreiro a citar o nome de Alá, com o objectivo de Lhe pedir forças para mais um dia, pois sou um escravo africano, dependente de colonos portugueses.
Fogo!... passo a manhã toda a fazer trabalhos sujos e pesados e, à hora de almoço, o lavrador branco traz-me um mísero prato de farinha de mandioca para acompanhar com água.
Quando esse colono me passou o prato à minha frente, cuspi na comida. O lavrador quis obrigar-me a comer aquilo. Eu, oferecendo-lhe resistência, atirei-lhe com o prato à cara e maltratei-o com alguns gestos de capoeira, que treino à noite com os meus amigos na senzala.
Agora, acorrentado a um poste, num quarto escuro, aguardo a pena à qual serei sujeito, por ter feito justiça com as minhas próprias mãos.
Provavelmente o meu castigo será levar cem chicotadas e ficar uma semana sem almoço e comi-da. Que injustiça esta, a minha vida como escravo... Lá na "N'ha Terra", eu era mais livre do que qualquer pássaro a voar no céu.
Estou p'ra aqui a pensar, e quando assentar o pó no galinheiro, vou fugir e ter com os meus amigos livres, escondidos no sertão.


Aladje Fati
8.º ano - turma A, n.º 1.

Nenhum comentário: