quarta-feira, 16 de abril de 2008

João - Capitão de um Engenho de cana-de-açúcar


Era um dia claro, com um sol radiante. Sou comerciante, dono de vastas plantações de cana-de-açucar. Hoje decido ir ao outro lado do Brasil, visitar o Capitão Manuel Amorim.

Sempre fui um comerciante contra o abuso imposto aos escravos, mas desde sempre conheci o Capitão Manuel Amorim como um homen bom.

Quando lá cheguei, vi coisas incríveis. A um poste estava preso um escravo negro, atado pelo corpo todo, à excepção das suas costas. Atrás de si, estava um lavrador que, de imediato e pelos gritos, percebi que se chamava Vasyl, com um enorme chicote a açoitar um escravo. Este tinha faltado ao respeito do Capitão, pois cada vez que levava uma chicotada, gritava e pronuncia-va ofensas ao Capitão e ao lavrador.

A senzala, que não ficava muito longe do poste, era grande e feita em madeira e outros materiais, com correntes para que os escravos não saíssem de lá. De dentro das palhotas ouviam-se alguns gritos a chamar pelo Aladje. De imediato percebi que era o escravo acorrentado ao poste.

Sempre tive boa impressão da mulher do Capitão e dos seus dois filhos. Sei que eles detestavam ver escravos a ser maltratados. Quando olhei para a enorme casa, vi-os a chorar. Fui ter com eles, que me disseram que o Aladje era um bom homem e que, por isso, não deveria ser mal tratado.

Depois do escravo ter sido açoitado, dirigi-me ao Capitão Manuel e fiz-lhe a proposta de trocar o Aladje por cem paus de cana-de-açúcar e o lavrador Vasyl por duzentos .

O Capitão respondeu-me de imediato que trocaria o Vasyl, mas a proposta pelo Aladje era de todo impossível. Fiquei muito triste pela resposta, mas insisti no negócio, dizendo que trocaria o Aladje por todas as minha plantações existentes em Brasília. O Capitão Manuel rindo-se, disse-me que eu deveria estar doido ao pretender trocar todas as minhas terras por um escravo inútil. Afirmou-me ainda que tinha dinheiro de sobra, pelo que negou a minha proposta.

Como conheço muito bem o Capitão Manuel, que sempre se deitava cedo, à noite fui à sua mansão e combinei com a sua filha Victória para me dar as chaves da senzala, com um intuito de roubar o Aladje e levá-lo para a minha casa. Também sabia que o lavrador Vasyl já não rondava a Casa Grande do Capitão, pois já me pertencia. Por isso, foi fácil pegar no Aladje que gemia muito de dores. Consegui removê-lo da senzala com alguma dificuldade, pois era muito pesado.

Este episódio acabou por me ser útil, já que no dia seguinte dei uma carta de alforria (libertação) aos meus escravos, que de imediato seguiram para os seus países de origem.


João Cruz,

8.º Ano - A, n.º 10

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