quarta-feira, 16 de abril de 2008

Brendo - o filho ilegítimo



Estamos em 1692, no Rio de Janeiro. Chamo-me Brendo e sou filho ilegítimo do Capitão, dono do Engenho.
Vou contar-lhes a minha história:

A minha mãe foi trazida de África para se tornar escrava. Chegada ao Brasil, trabalhava para o Capitão na sua enorme casa, como doméstica. Lavava as roupas do Capitão e da família, fazia a comida e limpava a casa.
O Capitão, apesar de ter a sua mulher, dormia sempre com as suas escravas. Foi dum fortuito encontro amoroso que eu nasci. A esposa do Capitão era muito bonita e era branca; mas o Capitão gostava da minha mãe, mesmo sendo negra.

Nasci naquele ano, e como todo o mulato, fui tratado com mais respeito, tendo acesso ao estudo e ser respeitado. Pude aprender a ler e a escrever.

Gostaria de ser comerciante, para negociar com os índios e obter diamantes e ouro no sertão. Contudo, não quero saber de trabalhar, pois sou um pouco preguiçoso.

Na casa do meu pai - o Capitão Manuel - havia de tudo: comida, roupa e, às vezes, dinheiro. Eu não queria ficar naquela casa. O meu pai, depois do parto, mandou a minha mãe para a senzala. Ela muito triste, tentou raptar-me e fugir da fazenda.

Como era de esperar, foi apanhada e atada ao poste, onde eram castigados os escarvos que tentavam evadir-se do Engenho.

A minha mãe foi atada e chicoteada, não aguentou e morreu.

Na sequência deste facto, tenho raiva do meu pai, que continua a dormir com as suas outras escravas.


Brendo Barreiros,

8.º ano - A, n.º 4.

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